segunda-feira, julho 17, 2006

A homenagem a Eugénio de Andrade!

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, julho 13, 2006

Canção!

A beira Tejo
um brilho no ar
a teu sorriso eu vejo,
estou-me a apaixonar

A brisa leve
que te embala, amor,
a tua pele é neve,
mas eu nao aguento este calor...

Tu, és princesa, amor,
que nao posso esquecer
jamais acordar
sou um sonhador!

Nao,
Nao sei o que te dizer,
Sonho...
És todo o meu prazer!

Bruno Ramos

Sep. 21, 2005

sábado, julho 01, 2006

O concerto...

Ola meus amigos!

Desta vez não venho escrever um poema, ou um desabafo. Venho simplesmente escrever aquilo que me vai no pensamento a estas horas da manhã, depois dum belo concerto que dei na Igreja de S. Martinho em Sintra (Festival de Música de Sintra).
Ainda com a adrenalina a correr-me nas veias, e o coração a saltitar, não por nervosimos, não... este até foi um daqueles concertos, e já lá vão uns anitos que isto não me acontecia, no qual estava impávido e sereno, sem qualquer tremelique (ai ai... os meus anos de músico despreocupado, jovem inconsciente) :P De facto venho partilhar esta alegria imensa que tenho, por ter tido mais uma oportunidade de tocar numa orquestra, juntamente com um coro!

Tudo correu às mil maravilhas, as duas horas de concerto pareceram curtos minutos que galoparam numa furia tal, que nem dei pelo tempo passar. As secções das peças, voavam num ápice, as melodias belas destes compositores portugueses dos séc. XVIII e XIX, foram como balsamo. Estou devéras contente...
Mas não foi só para mim que este concerto foi bom, pois as 150 pessoas, mais coisa menos coisa, que estavam presentes, vibraram ao bater palmas no final de cada peça. A alegria trasmitida pelo público ao bater palmas, foi como um elixir que nos faz reviver, e dizer que de facto andamos cá, neste mundo, para fazer alguma coisa de jeito. As palavras "Bom", "Espéctacular" e "Bravo" foram as mais ouvidas nos minutos após o "grande" recital!

Após terminar mais uma jornada na minha vida académica, um concerto destes foi voltar a reviver a minha grande paixão!


A música...
é o alimento que sacia o músico,
é o ar que deixa respirar o músico,
é o sol que põe feliz o músico,

a música... é o amor que trata com ternura o músico!

Bruno Miguel Ramos